terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


Redução de peso não é só uma questão estética, mas de saúde





Milhares de mortes que ocorrem todos os anos estão relacionadas com a obesidade. Vários problemas médicos graves relacionam-se à obesidade, incluindo diabetes tipo 2, doenças no coração, hipertensão e o infarto
Para a maioria das pessoas o termo "obesidade" significa estar muito acima do peso. Obesidade, especificamente, refere-se ao excesso de quantidade de gordura corporal. Todos nós precisamos de certa quantidade de gordura corporal, para armazenar energia e outras funções. Como regra, mulheres têm mais gordura corporal do que homens. A maioria dos profissionais da saúde concorda que homens com mais de 25% de gordura corporal e mulheres com mais de 30% apresentam obesidade.

Uma vez que medir a quantidade de gordura em uma pessoa é difícil, profissionais baseiam-se em outro meio para diagnosticar a obesidade: o índice de massa corporal (IMC), que é freqüentemente utilizado. Este é um método indireto onde se divide o peso pela estatura em metros ao quadrado (kg/m2). Um dos problemas, em utilizar unicamente este método de avaliação, é que a tabela não distingue entre excesso de gordura e músculos. Uma pessoa musculosa pode ser classificada erroneamente por essas tabelas como tendo obesidade. Por exemplo, os fisiculturistas e outros atletas com muitos músculos, podem estar com sobrepeso sem serem obesos.

O IMC, entretanto, não caracteriza, adequadamente, a distribuição da gordura corporal, já que o excesso de gordura intra-abdominal é um prognosticador de risco para a saúde. Para se ter idéia do volume de gordura visceral (intra-abdominal), mede-se a circunferência da cintura. Há aumento de risco para a saúde quando a circunferência da cintura exceder 94 cm no homem e 80 cm na mulher.

...E de quem é a culpa? De um modo geral há uma tendência a acreditar-se que o excesso de comida venha a ser o principal fator da obesidade. A gente sabe que não é bem assim, porque se assim fosse, bastaria uma redução e ou um controle alimentar qualquer e as pessoas emagreceriam com a maior facilidade. Umas têm tanta facilidade de engordar como dificuldade de emagrecer. Outras engordam e emagrecem com a maior tranqüilidade. A obesidade tem, basicamente, duas causas: genética e influência do meio ambiente. A primeira é bastante complexa. A cada ano é publicado um mapa dos genes envolvidos na doença. O alvo para a prevenção e tratamento fica, então, voltado para a segunda causa, que pode até merecer mais atenção do que a genética. Em condições de sedentarismo, estresse, comida fácil, gordurosa e com muitos doces, haverá um aumento da obesidade.

Obesidade é mais do que um problema com a aparência, é um perigo para a saúde. Milhares de mortes relacionadas com a obesidade acontecem todos os anos. Vários problemas médicos graves têm sido relacionados com a obesidade, incluindo diabetes tipo 2, doenças no coração, hipertensão e o infarto. Obesidade também está relacionada com maiores taxas de certos tipos de câncer. Homens obesos têm maior probabilidade de morrer de câncer de cólon, reto ou próstata. Mulheres obesas têm mais chances de morrer de câncer de mama, útero e ovários. A obesidade pode gerar uma série de distúrbios hormonais que acabam invertendo a ordem dos culpados. Ou seja, não é o distúrbio hormonal o causador, e sim a obesidade a causadora dos supostos distúrbios vindo em cascata.

O método para tratamento depende do nível da obesidade, condição geral de saúde e motivação para perder peso. O tratamento da obesidade deve incluir uma combinação de dieta, exercícios físicos e mudanças comportamentais, sendo o tratamento mais eficiente no combate à obesidade.Em alguns casos de obesidade severa, depois de algumas tentativas relacionadas com dietas, a cirurgia para redução de estômago (bariátrica) pode ser recomendada. Lembre-se que o controle de peso é um esforço para toda a vida.

Pensando nisso, Giulia idealizou a Sabor Light, loja especializada em alimentação balanceada para poder atender melhor a seus pacientes, ensinando a comer com qualidade e quantidade suficiente.


Giulia Maria Zanello Fragomeni.
Nuticionista - Especialista em Obesidade

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009


Dores nas pernas. Quem não tem?

Em entrevista à Revista Ponto cirúrgico, o angiologista e cirurgião vascular Antonio Carlos de Souza fala sobre esse sintoma, comum a grande maioria das pessoas, que pode ser um sinal de alerta de que algo em nosso corpo não anda bem

RPC: As dores nas pernas é uma queixa comum nos consultórios de Angiologia?

Dr. Antonio Carlos: Sim. Dores nas pernas é um sintoma muito freqüente. A espécie humana paga um preço por ser bípede. A coluna vertebral e os membros inferiores fazem o papel da “suspensão” do corpo. Em decorrência disto a sobrecarga sobre as pernas pode levar a várias doenças e um dos sinais de que alguma coisa pode estar errada é a dor.

RPC: Quais as causas de dores nas pernas?

Dr. Antonio Carlos: Todas as estruturas que compõem as pernas e coxas podem ser causas de dores. Têm sido descritos pelo menos 200 possibilidades de causas de dores nas pernas: oriundas dos ossos, articulações, ligamentos, músculos, tendões, nervos e estruturas vasculares. Lembrando que as doenças circulatórias englobam os sintomas decorrentes dos comprometimentos venosos e arteriais, que são muito diferentes. Cabe ressaltar que o estilo de vida contemporâneo apresenta vários componentes que agem como desencadeantes de dores nas pernas.

RPC: O senhor disse que dores nas pernas são agravadas pelo estilo de vida. Quais os hábitos modernos que podem piorar as dores nas pernas?

Dr. Antonio Carlos: Sim. Como dito anteriormente, a raça humana recebe o ônus por ser bípede. Todo peso da pessoa é suportado pelos membros inferiores. O sobrepeso e a obesidade, muito prevalente nos tempos atuais, são fatores que originam ou pioram as dores nas pernas. Na era da informática, passamos muitas horas sentadas em uma mesma posição, alimentando-se mau e com um estilo de vida onde a regra é o sedentarismo. Recentemente, há relatos de alguns casos de tromboses venosas associada a longas horas de permanência frente a um computador; situação denominada de e - trombose.

RPC: O que é e - trombose ?

Dr. Antonio Carlos: É a denominação, provavelmente provisória, que tem se dado à trombose venosa profunda associada ao hábito de permanecer longo período sentado frente a um computador. A estase sangüínea nas veias das pernas causada por esta postura pode levar a formação de coágulos – trombo – nestas veias. Outra situação inusitada relacionada com a trombose venosa, é a trombose associada a viagens aéreas prolongadas. Neste caso denominado síndrome da classe econômica.

RPC: Qual o papel da atividade física na prevenção das dores nas pernas?

Dr. Antonio Carlos: De uma forma geral, as atividades físicas sem impacto, ou seja, sem movimento brusco, são benéficas para a saúde das pernas. As pessoas que já sofrem de dores nas pernas só devem fazer atividade física orientada por um profissional da área. Poderíamos citar como exemplo o papel benéfico das atividades que condicionam a panturrilha para as pessoas que apresentam insuficiência venosa. A panturrilha funciona com um coração periférico ajudando no retorno do sangue das pernas para o coração.

RPC: Quem tem dores nas pernas deve ficar preocupado. Pode ser um sinal de alguma doença grave?

Dr. Antonio Carlos: A dor é um sintoma de alerta. Se estiver doendo alguma estrutura do corpo está sendo agredida. Apesar de a dor ser nas pernas, a causa pode ser sistêmica, ou seja, em outra parte do organismo.


RPC: Quais as orientações gerais o senhor daria às pessoas que têm dores nas pernas?

Dr. Antonio Carlos: Procurar ajuda de um médico. Normalmente quando uma pessoa é acometida de dores nas pernas, relaciona inicialmente a problemas circulatórios e procura um angiologista.


Dr. Antonio Carlos de Souza
Angiologista e Cirurgião Vascular

Verdades, curiosidades e mitos sobre varizes nas pernas

Estudos científicos recentes desmistificam muitos conceitos que ainda circulam como verdades, como uso de sapato alto e exercícios físicos causarem o aparecimento delas


Parece que somente a espécie humana tem varizes nas pernas. Além dos problemas de coluna e da postura, ter varizes faz parte do ônus por sermos bípedes. As veias das pernas, e não dos braços, tornam-se varizes - ficam dilatadas, tortuosas e alongadas -, em parte, em decorrência da impiedosa força da gravidade.

O coração, mais especificamente o átrio direito, situa-se a altura muito maior do que as pernas. O sangue desce para as pernas pelas artérias, impulsionado pela contração do coração e com ajuda da pressão hidrostática. Já o retorno do sangue para o coração é um trabalho de equipe. O sangue é aspirado pelos movimentos respiratórios e empurrado pela contração da musculatura da panturrilha e pela compressão da esponja plantar durante a caminhada. A coluna de sangue é sustentada pela parede das veias e por um sistema de válvulas que, quando funciona, mantém o retorno do sangue no sentido do tórax.

Por que temos varizes nas pernas e não nos braços? A pressão do sangue nas paredes das veias das pernas é muito maior que nas veias dos braços, localizados em nível semelhante ao do coração. Não é somente a gravidade que aumenta esta pressão: a obesidade, a gestação e as roupas que comprimem o abdome e as virilhas também podem agravar as varizes.

Quando analisamos o conhecimento do senso comum sobre a luz dos fundamentos descritos acima e com os resultados dos estudos científicos mais recentes, podemos compreender e desmistificar alguns conceitos que circulam como mitos.

A elegância que o sapato com salto traz é ofuscada pela fama de que causa varizes. Alguns estudos comprovam o contrário. Definitivamente, sapato com salto acima de 2 cm melhora o retorno venoso das pernas e não causa varizes. Outros mitos: que cruzar as pernas dá varizes, atividade física dá varizes, e que existem medicamentos para evitar varizes.

Em contrapartida, existem outras situações com algumas evidências de que sejam verdades em relação às varizes: têm como fator predisponente a hereditariedade, piora com o uso de anticoncepcionais orais, com a gestação, tem mais na mulher do que no homem, piora com a obesidade e com o sedentarismo.

Apesar de ser um fator de risco para o desenvolvimento de trombose venosa, o fato de ter varizes não significa que a pessoa vai ter trombose venosa.

O tratamento das varizes é indicado quando a pessoa apresenta sintomas, complicações ou desconforto estético. Atualmente, o tratamento das varizes é muito menos penoso do que há alguns anos. Quando há indicação de tratamento, o especialista e o paciente discutem sobre a melhor opção terapêutica. Existem várias modalidades de tratamento que vão desde orientações gerais até a necessidade de cirurgias.

As novidades quanto ao tratamento incluem a possibilidade do uso do Laser, da realização de escleroterapias com pouquíssima dor e a utilização de um medicamento em forma de espuma para preencher as varizes. Mesmo quem precisa de tratamento cirúrgico, deve levar em consideração que os procedimentos realizados hoje são menos invasivos e quase sempre preservam as veias safenas.
Na era do conhecimento não se justifica aumentar o sofrimento por desinformação ou informação inadequada.

Dr. Antonio Carlos de Souza
Angiologista e Cirurgião Vascular
Câncer de pele: perigo que vem do sol
A doença comumente atinge mais as pessoas de pele clara, que ficam expostas à irradiação solar, entre 10h e 16 horas, sem qualquer tipo de proteção. No DF, é maior a incidência desse mal


O câncer de pele há muito vem sendo um problema alarmante, mas, em tempos de aquecimento global, a preocupação é ainda maior. Esse é o tipo de câncer com maior incidência no Brasil devido às suas características tropicais, onde se cultua corpos bem bronzeados. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a previsão era de 118 mil novos casos somente no ano passado.

No Distrito Federal está a maior incidência da doença. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 13% dos casos de câncer de pele estão na Capital Federal. A explicação dos pesquisadores não é outra senão a altitude. Viver no Planalto Central tem seu ônus. Os raios ultravioletas chegam com maior intensidade.
A doença é uma multiplicação anormal e descontrolada das células. Manifesta-se, sobretudo, em pessoas com predisposição genética e pode ocorrer em qualquer parte do corpo. “Embora mais comum após os 40 anos, qualquer um pode desenvolver a doença. Estão mais suscetíveis indivíduos de pele clara ou com sardas. Correm mais risco, ainda, pessoas com históricos de câncer de pele na família, as que costumam sofrer queimaduras solares, têm pintas ou dificuldade de bronzeamento, ficando vermelhas”, explica o dermatologista Erasmo Tokarski.

Para o Dr. Erasmo, o alerta é para aqueles que não costumam usar filtro solar. “O que provoca o câncer não é o calor, mas sim a exposição aos raios UVA e UVB. Portanto, mesmo quando o céu estiver nublado é preciso se proteger usando filtro solar”, explica o dermatologista.

São três os principais cânceres de pele: carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma. O carcinoma basocelular constitui cerca de 70% dos casos. Aparece em especial nas áreas mais expostas ao sol, enquanto o carcinoma espinocelular é o segundo tipo mais comum. Também se manifesta por ferida ou verruga que não sara. É maligno e pode espalhar-se para outros órgãos. Já o melanoma é mais freqüente em pessoas de pele clara e sensível, mas pode se formar também em morenos e negros. É o tipo mais perigoso já que se dissemina rapidamente.

Segundo o dermatologista Erasmo Tokarsk, o ideal é prevenir-se. Pode-se evitar o câncer de pele com o uso do protetor solar diariamente, de acordo com o tom de pele. Também é fundamental evitar expor-se ao sol entre 10 e 16 horas, quando a radiação é mais intensa. É importante ainda, em especial nos dias mais ensolarados do verão, completar a proteção com o uso do boné, chapéu e camisa de manga comprida.

As crianças precisam de atenção redobrada devido à maior sensibilidade na pele. Bebês de até seis meses não podem ser expostos diariamente ao sol. Pesquisas constataram que indivíduos que usam protetor solar desde criança têm risco 85% menor de desenvolver câncer.

À primeira indicação da doença ou em caso de dúvidas, vale a pena consultar um médico dermatologista. Quanto mais rápido o câncer de pele for diagnosticado e tratado, menores os riscos de mutilações e maiores as possibilidades de cura. Quando a doença já se espalhou para outros órgãos, sobretudo no caos do melanoma, a chance de cura se reduz muito.
A fonoaudiologia

e a estética facial

A fonoaudiologia estética associada a outros profissionais relacionados com a área potencializa um bom resultado. A partir dos 25 anos já é recomendado o tratamento com caráter preventivo para as pessoas que desejam retardar o envelhecimento

A fonoaudiologia estética vem a cada dia se consolidando como uma das áreas mais procuradas na atuação do fonoaudiólogo. A estética facial tem contribuído para que as pessoas encontrem a satisfação em estarem mais bonitas, joviais e com o semblante mais harmônico.



O trabalho fonoaudiológico consiste numa anamnese onde são passadas várias orientações quanto ao funcionamento ideal da musculatura facial, higienização e cuidados. Depois o paciente passa por uma avaliação detalhada a fim de verificar o funcionamento e tonificação da musculatura facial, sua relação com as funções estomatognáticas (respiração, mastigação, deglutição e fala) e hábitos inadequados. A partir daí, a terapia é determinada de acordo com as necessidades do paciente, consistindo em realizar um trabalho de tonificação e em alguns casos de soltura da musculatura facial. Através de massagens e exercícios específicos, as expressões faciais são amenizadas e suavizadas prevenindo e reduzindo o surgimento das rugas e marcas de expressões consideradas inadequadas de acordo com a idade e características de cada paciente. Ao final da sessão, o paciente recebe orientações sobre exercícios personalizados que serão praticados no dia-a-dia até o próximo encontro.



A paciente Silvia Palma, de 32 anos, faz terapia há dois meses e já consegue perceber a diferença do tônus muscular da face e de sua percepção sobre seus hábitos que acarretavam as marcas acentuadas ao redor dos lábios e na testa. Atualmente, consegue se controlar e tem maior cuidado quanto ao uso do protetor solar e da importância do uso dos óculos de sol.
A fonoaudiologia estética associada a outros profissionais relacionados com a área potencializa o bom resultado do tratamento. A dermatologista Luciana Vasconcelos verifica que seus pacientes que fazem acompanhamento estético fonoaudiológico têm mais sucesso em seu tratamento. O olhar voltado para a retirada dos hábitos que muitas vezes não são notados pelos pacientes, orientações como até mesmo a aplicação do produto na face e a tonificação da musculatura fazem todo o diferencial de um tratamento que não é invasivo e é indolor. A diminuição das mímicas faciais e das marcas de expressão prorroga o efeito da toxina botulínica e a quantidade de substância aplicada é menor.



A partir dos 25 anos já é indicado o tratamento com caráter preventivo às pessoas que desejam retardar o envelhecimento, nos casos pré e pós - cirúrgico tanto da face quanto bariátrica (redução de estômago), na busca de mudanças de hábitos e qualidade de vida e também para atletas que buscam compartilhar o trabalho corporal com o fortalecimento muscular facial.



O objetivo de qualquer um dos casos citados é de aumentar a oxigenação dos tecidos, a mobilidade, trazendo reequilíbrio e fortalecimento muscular, prevenindo rugas e flacidez, podendo ser realizados em homens e mulheres. Os bons resultados não só proporcionam músculos mais definidos, mas também melhoram a auto-estima do paciente.


Cintya Lima J. Turnes

Fonoaudióloga - Especialista em Motricidade Oral e Estética Facial



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Entrevista

País terá de enfrentar 400 mil novos casos de câncer em 2009
A Revista Ponto Cirúrgico entrevista o Dr. Eduardo Johnson sobre as principais questões relacionadas com o Câncer. Ao abordar o assunto, o médico alerta que a melhor forma de combater à doença ainda é a prevenção

RPC – Qual a situação da doença no Brasil?
Apesar de os dados de registro de câncer no Brasil não refletirem a totalidade dos casos, são previstos para o ano de 2009 o diagnóstico de cerca de 500 mil novos casos de câncer. Se excluirmos os de pele, na sua maioria basocelulares, de baixa mortalidade, deveremos chegar próximo a 400 mil novos casos.

RPC – Quais são os problemas decorrentes disso?
O gasto com tratamento, internação e suporte é cada vez maior, principalmente nos casos mais avançados que necessitam de medicamentos de última geração, nem sempre disponíveis para a maioria da população brasileira. O investimento em prevenção e diagnóstico precoce ainda é a medida mais eficaz no controle da doença.

RPC – Quais os principais tipos de câncer no país?
Em homens, o câncer de próstata e pulmão correspondem a 30% dos casos e os de mama e colo uterino em cerca de 35% para as mulheres.

RPC – A doença já é um problema de saúde pública?
Na maioria das cidades é a segunda causa de morte, e anualmente aumenta devido ao maior controle das doenças cardiovasculares, primeira causa de morte no Brasil.

RPC – A prevenção é fundamental no combate ao câncer?
A prevenção é o método mais importante no combate ao câncer. Algumas medidas podem reduzir até em 50% a incidência de câncer. A principal é parar de fumar, pois além de reduzir o número de casos de câncer de pulmão, cabeça e pescoço, bexiga e esôfago, evita o enfisema pulmonar e as doenças cardiovasculares. A redução de bebidas alcoólicas, mudanças no padrão alimentar e evitar exposição solar também são importantes.

RPC – Nessa prevenção, os médicos recomendam algum período em que as pessoas devam recorrer a especialistas?
È fundamental que as mulheres realizem mamografia a partir dos 40 anos. Em casos com diagnóstico deste câncer em parentes de primeiro grau, deve ser realizada avaliação genética ( genes BRCA 1 e BRCA 2 ) e discutir a realização da primeira mamografia aos 35 anos. O câncer de colo de útero pode ser evitado com exames no mínimo a cada 3 anos e as pacientes entre 9 e 26 anos podem ser imunizadas contra o HPV através de vacina específica. Nos homens, a avaliação da próstata a partir dos 50 anos, acompanhada da dosagem do PSA, pode detectar lesões precoces. A pesquisa de sangue oculto nas fezes é recomendado para ambos os sexos a partir dos 50 anos. Em todos os casos a historia familiar é fundamental, pois algumas alterações genéticas levam ao aparecimento mais cedo do câncer.

RPC – E o caso da exposição ao sol? Só o sol deve despertar um pouco de cuidados, não?
Mesmo que não ocorra uma exposição direta é aconselhável o uso de filtros solares no período de 10h às 17h. As regiões com alta exposição de raios ultravioleta são particularmente perigosas para pacientes com pele clara geralmente de origem européia. A visita anual ao dermatologista pode identificar lesões escuras com indicação de remoção cirúrgica para evitar o melanoma, que pode ser curado com retirada em fase inicial, quando atinge apenas a camada mais superficial da pele.

RPC – Qual a realidade do Distrito Federal?
O DF mantém o mesmo padrão do Brasil com tumores de próstata, pulmão, mama , colo de útero e intestino grosso como mais freqüentes. Devido a alta exposição solar durante grande parte do ano, o câncer de pele é mais freqüente na nossa cidade que no resto do país. Em relação à qualidade do atendimento médico, podemos dizer que está entre as melhores do país.

RPC – O senhor acredita que ainda hoje as pessoas sofrem da desinformação sobre essa doença?
A divulgação em revistas, propaganda do governo, a internet melhorou muito o nível de informação da população. Entretanto, principalmente entre os homens, a procura por atendimento médico precoce ainda é muito baixa.

RPC - É possível ter uma vida com qualidade durante o tratamento de um câncer? Quais as principais novidades e descobertas na área da oncologia?
Os avanços no tratamento de câncer da última década foram enormes, principalmente no controle dos efeitos colaterais e na descoberta de novas drogas com perfil menos agressivo ao organismo. A qualidade de vida passou a ter tanta importância quanto o resultado do tratamento. Apenas nos casos em que existe uma chance real de cura se utiliza tratamentos com efeitos colaterais sérios, como o transplante de medula em pacientes com leucemia. Os outros casos deve-se levar em conta o beneficio e a toxicidade do tratamento. Manter a qualidade de vida, o controle da dor, a dignidade do paciente é o mínimo que o médico pode oferecer.

RPC - Qual é a duvida mais freqüente que os seus pacientes têm em relação ao câncer? E os seus familiares?
Cada paciente deve ser tratado como um ser humano único, com características diferentes, visão do mundo e sua interação social particular, assim como seus familiares. Cabe ao médico estar atento às ansiedades e dúvidas de cada família e procurar respondê-las. Nenhuma máquina substitui a relação médico-paciente.

RPC – Como preparar a família para lidar com possíveis modificações no comportamento do paciente, incluindo dificuldades físicas, emocionais e sociais?
A família é parte integrante do tratamento e do seu apoio depende muito a evolução positiva do paciente. O médico deve dar atenção aos anseios dos familiares, orientando na melhor forma de lidar com a doença que afeta o ente querido. Não se pode negar a influência de uma atitude positiva tanto do paciente quanto de sua família.

RPC- Dr. Eduardo qual a sua mensagem final para as famílias e para os pacientes que sofrem desse mal?
A oncologia é a especialidade médica com maior número de modificações no padrão de tratamento de acordo com o desenvolvimento de novas drogas e novos testes. O tratamento inicial é fundamental para o sucesso e muitas vezes à cura do paciente. É importante ouvir a opinião de especialistas e principalmente do oncologista que pode orientar a forma ideal de conduzir o caso com uma equipe multidisciplinar.


Dr. Eduardo Johnson
Oncologista