quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Nova Quimioterapia


Oncologista Eduardo Johnson responde as dúvidas mais comuns em quimioterapia
Na entrevista, médico esclarece questões relacionadas a esse tipo de terapia, que, apesar de ter evoluído, ainda persiste a má fama pelos fortes efeitos colaterais causados pelo tratamento




Revista Ponto Cirúrgico - Como podemos definir quimioterapia? É um tratamento que complementa a cirurgia, podendo ser feita antes ou após uma operação, e como ela age?
Dr. Eduardo Johnson - Na verdade, quimioterapia é um termo genérico que indica qualquer tipo de tratamento através de medicamentos químicos. O termo quimioterapia ficou associado a tratamento quimioterápico antineoplásico nas suas diferentes formas de atuação contra o câncer. Há duas categorias principais; a adjuvante, ou seja, aquela realizada antes ou após uma cirurgia como uma forma de reduzir a chance de recidiva do tumor e a empregada quando já existe doença em outros órgãos (metástases).

RPC - A quimioterapia goza de má fama pelos fortes efeitos colaterais que apresentavam no passado. Qual a diferença na reação dos pacientes de hoje e de 25 anos atrás a esse tratamento?
A quimioterapia tradicional atua em todas as células que se multiplicam e por isso leva efeitos colaterais como queda de cabelo, ferida em mucosas, diarréia, queda dos glóbulos brancos e anemia, além de náuseas e vômitos. Atualmente, dispomos de medicamentos que reduzem muito esses efeitos e também os novos tratamentos são mais específicos, atuando quase que exclusivamente nas células tumorais, o que reduz os efeitos colaterais.

RPC - Quanto tempo dura a quimioterapia?
A duração da quimioterapia depende do seu objetivo. A quimioterapia adjuvante tem um período definido de tratamento que varia de 4 a 5 meses. As utilizadas na doença metastática não possuem um prazo definido, pois o objetivo é eliminar totalmente a doença ou mantê-la sobre controle, visando sempre uma melhora na qualidade de vida ou mesmo a cura do paciente dependendo do tipo do tumor.

RPC - Como é feita a quimioterapia para tratar o câncer de mama?
O câncer de mama, pela sua alta prevalência, é o que tem mais formas de tratamento e o mais estudado. A tendência atual é a análise do tumor através de testes imunohistoquímicos e genéticos para definir as características do câncer de mama e tratá-lo de forma personalizada.

RPC - Nos dias atuais, existem drogas que interferem nos mecanismos hormonais envolvidos nos tumores da mama. O senhor poderia falar sobre o tratamento hormonal?
A primeira seleção feita no câncer de mama é com relação ao “status” hormonal, receptores do estrogênio e progesterona positivos ou não. De acordo com esse resultado, é definido o tipo de bloqueador hormonal que deverá utilizar e também a necessidade ou não de quimioterapia e quais medicamentos mais indicados para o caso.

RPC - Quais são os cuidados após a quimioterapia?
Os cuidados após a quimioterapia variam de acordo com o esquema empregado. De uma maneira geral, a primeira aplicação é muito importante, pois existe variação de efeitos de uma pessoa para outra que depende da idade, das condições cardiológicas, renais e hepáticas e do próprio sistema enzimático. Portanto, os cuidados no primeiro ciclo de tratamento são redobrados, com exames de sangue mais frequentes e com ajustes de dose para prevenir complicações. Em todos os casos, qualquer episódio de febre (temperatura superior a 37.8º) deve ser comunicado ao médico, pois pode ser indício de infecção, que é uma emergência nestes pacientes. A ingestão de líquido é muito importante para manter uma boa função renal e evitar acúmulo de resíduos tóxicos. A higiene corporal e bucal deve ser redobrada e a alimentação adaptada às condições do paciente.

RPC - Há esquemas quimioterápicos que agem de forma diferente sobre as células normais. Alguns não fazem cair o cabelo e outros que provocam uma queda de 100% dos cabelos. Como a maioria dos pacientes reage diante da possibilidade de perder temporariamente os cabelos?
A queda de cabelo depende do tipo de quimioterápico utilizado. Alguns levam à alopecia total, que ainda é um efeito colateral considerado importante para manter a autoestima durante o tratamento. Procuramos sempre que possível utilizar medicamentos que evitem a queda; quando inevitável orientamos o corte do cabelo e confecção de perucas de alta qualidade, antes de ocorrer queda capilar. O paciente deve saber que ela é transitória e logo que termine o tratamento seu cabelo crescerá novamente.

RPC - Por que mulheres fazendo quimioterapia ganham peso, quando o esperado era que emagrecessem por causa desse tratamento potencialmente tóxico?
Os medicamentos atuais conseguem evitar náuseas e vômitos em mais de 90% dos casos. Como geralmente a paciente muda sua rotina de vida e fica mais sedentária, alimentando-se da mesma forma que antes é normal que ganhe peso. Recomendamos que tenha uma dieta balanceada de acordo com seu consumo energético e exercícios adequados para manter o peso, preocupação constante das mulheres. Outro fator que contribui é a menopausa precoce, causada pelos medicamentos e a contraindicação de reposição hormonal.

RPC - Nos últimos 25 anos houve grandes avanços e mudanças na quimioterapia. Como o Sr. vê o futuro da quimioterapia em relação a esses avanços e à qualidade de vida dos pacientes?
Existem pelo menos 100 medicamentos prontos para entrarem no mercado nos próximos dois anos e igual quantidade para daqui a 5 anos. Trarão um grande avanço no tratamento, aumentando as chances de cura e controle da doença, com menos efeitos colaterais, pois são drogas que atuam principalmente no metabolismo das células tumorais. Atualmente, esses medicamentos são quase sempre associados a quimioterápicos, mas no futuro isso pode mudar e a queda de cabelo não será mais um problema, assim como outras complicações graves.Denominamos terapia biológica para diferenciar termo quimioterapia, mas o objetivo é o mesmo:liquidar as células tumorais em qualquer ponto do organismo.

Considerações finais:
Para que se consigam melhores resultados o tratamento deve ser realizado sempre com a participação de um oncologista, que discuta com outro especialista a melhor abordagem inicial para determinado caso. Além disso, já se encontram disponíveis no mercado diversos testes genéticos e biológicos que devem ser realizados para entender melhor que tipo de tumor está sendo tratado, se existe um padrão de resistência para determinado caso. Se não houver confiança ou empatia médico-paciente procure uma segunda/terceira opinião, elas são importantes para que o tratamento inicial seja o melhor possível, pois a seqüência do tipo de tratamento muitas vezes não é a melhor, sendo imprescindível começar da melhor forma para não se perder a chance de cura. Esta consulta não fere a ética e considero que contribui para uma maior confiança no médico.



Consultoria:Dr. Eduardo Johnson
www.oncotek.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário